sábado, 30 de maio de 2009

Manaíra: CARTA DE UM SONHADOR


Em face dos instrumentos de ameaça, do poderio bélico e do silêncio que ronda às ruas de Manaíra, uma espécie de guarda psicológico do medo, fazendo a vida ficar às ocultas, assustanto, delimitando até onde se pode falar, abrir a boca e sonhar, venho demonstrar a nossa estória. Tudo passa a ser determinado por uma única organização consaguinea, um único grupo de detenção do poder. Dando-se com isso a frustante idéia de emancipação, de liberdade, de igualdade; toda essa farsa deixa-nos com uma grande cicatriz. É preciso não viver para não sentir como fomos usados, manipulados por essas pessoas que se dizem "boas". A política em nossa cidade, até aonde é dado falar, foi posta como a maior forma de opressão, de sangue, de matança, de diferença, em suma de negação da existência. Negou-se em nome do poder, e os nossos antepassados nos delegaram a triste sina de vivermos sem uma história. Este grupo que ordena, que discorre sobre os valores, que impõe a outrem a baixeza, a insignificância em viver, a timidez em reagir e dizer: já não aguento tanta mentira, firmou-se no espírito da solidariedade, ou seja, na política da relação mútua, na política assistencialista. Que homens hipócritas, cheios de máscaras os que até agora conhecemos. Portanto, estes homens vêm coroando o seu exército ( os bajuladores, os babões ), com prêmios e armas autofágicas; enquanto que muitos morrem sem uma assistência digna a saúde, outros morrem na ignorância devido a nossa formação primária e secundária nas escolas públicas. E o povo, que mudo e infante cavalga sem uma direção certa, na dúvida de um dia melhor para os seus filhos, resta apenas a esperança, mas a esprança para àquele que espera é inútil; faz-se necessário ir de encontro com o monstro que amedronta. Não há, portanto, espaço para uma milícia organizada ressurgir dos entulhos, do sangue antigo, da dor de nossos pais, que tanto trabalharam pelo progresso dessa cidade; a ponto de que se virá à esquerda ou à direita é cair em contradição, de todos os lados há parasitas, doentes. Voltar-se em frente a batalha é um caminhar em farso, ou seja, onde quer que esteja o soldado, ele sempre estará em ponto convergente, em contraponto com o inimigo; então não basta apenas lutar, é necessário vencer o verdadeiro inimigo. Ora, não convém, todavia, remediar apenas com discernimento, é necessário também nessa natureza, marchar com a prática: nomeando e chamando todos à praça pública para atacar o ensino de doutrinação política da elite, com uma batalha em fluxo, que vai do pequeno proprietário de terra até aos escurdeiros da erudição. O jovem perspicaz também estar junto nessa batalha. Parece-me também que o perigo de tudo isso, é saber que os soldados estão, no entanto, no entrave da remuneração, usando às vezes de subterfúgios, para ganhar o próprio soldo; e nesse rumo, bem melhor se faz escolher com a espada, os merecedores desse sonho. Falando assim, aos poucos conseguiremos vencer o inimigo ( a elite política ) pressupondo que irá reinar a verdade em frente a uma história doentia da mentira, e o povo enfim pode andar e sonhar em uma nova história.


Na bravura derrotaremos o inimigo,
os teus e os meus, bravos amigos
mais fraco e incauto, com instrumentos
de guerra, conduzindo o povo face a face
a luta pelos seus sentimentos.
Gilbert Dillo

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