A falta de correspondência com a nossa tradição, o trato de desprezo pela geração vindoura – engendrada no pulso da manifestação popular e campestre – o inverno de recompensas, o senhor de domínio, o velho bacamateiro, na senda de um povo que só se reconhece pela sua cultura simbólica, veio com o tempo a representar a transformação de nossas façanhas.
A Cultura como último legado e como forma de aguerrir os filhos de nossa cidade, a sentir orgulho de nosso povo também mostra-se cada vez mais indelével e cheia de espinhos. Pois, a submissão ao poder, a entrega de nossas raízes nas mãos de um grupo insano e idólatra, um grupo de máscaras, trouxe a conseqüente perda de nosso melhor encontro com a manifestação popular: O São João.
É nesse período que se comemora a coleita no sertão, que se proclama às crenças, às danças, as raízes, e tudo que advém de nossa melhor culinária. Nós, desse recanto esquecido do Brasil, só podemos no refugiar em algo que não se fragmenta, em algo sólido que é vivido de tempos em tempos, característico dos turnos de outrora, como a fogueira, a pamonha, a canjica, a buchada, o milho assado ou cozido, o forró tradicional, as quadrilhas.
Mas tudo tende a sucumbir na história; pois Manaíra ( os administradores, os representantes ), desde a minha tenra idade, não deu a isso a maior importância com o que é legado a nosso presente. O que importa mesmo são os contratos fraudados com bandas fantasmas, e o silêncio do povo que esconde a antipatia com medo de ameaças. Mas querem mesmo esses indivíduos a unção de nossa pátria; com festas, com comemorações, com danças, com fraternizações. E se escondem esse sentimento é porque a muito ser manairense tornou-se algo secundário.
Diferentemente das cidades adjacentes – Princesa Isabel, Santa Cruz da Baixa Verde, Triunfo – Manaíra vem perdendo destaque frente a estas; dado a iniciativa pública e privada, destes que se articulam para fazer de sua cidade uma bandeira de luta, uma verdadeira união entre os seus. Daí também se deriva o desprezo com que tratam nossa gente: chamando-nos de “burros”, sem “cultura”, povo “pobre”, “moleques”, “ingênuos”, “idiotas”, “prostitutas”; com uma série de codinomes que nos ofendem, que nos rebaixam e nos faz pensar, quem somos em verdade.
Dói saber também que o único monumento de glória que temos estar pra sucumbir, logo que a juventude estar se afastando de suas raízes, e cunhando novos valores na esfera capitalista. Diga-se isso quanto a essas bandas de Axé misturada com idiotice, que dá a homogenização de bandas como Aviões do Forró, Saia Rodada, Forró Moral, ou seja, uma mistura de Bale Funk, com Regue, mais música instrumental, com o samba do carioca, mais o axé da Bahia, em suma, uma mera feijoada, uma salada, que causa enfarte em analogia com a nossa mais singela música: os cânticos dos violeiros, nossa literatura de cordel, O simplório e ímpar Luiz Gonzaga, A festa animada ao som do Acordeon, do triângulo, do Grife etc. Logo vem a persuadirmos que o verdadeiro, o autêntico forró estar entre entulhos, e a nossa pureza simbólica já não existe. Mas algo ainda me faz sonhar que o é originário nessa gente é o seu poder de recriação, e as fogueiras não morrem, o forró Pé-de-serra continua mais vivo do que nunca, e as pessoas começam a se alegrar com as coisas pequenas da vida.
Já no é tempo de resgatar a nossa herança e fazê-la prevalecer em vez da ira e da arrogância com a nossa cultura, tentando desse modo amenizar as perdas e os sentimentos de graça, com a iniciativa de conduzirmos nosso povo a uma nova vida artística e comemorativa? Ora, mas isso deve ser conduzido por todos – os que amam esta cidade – visando não o seu interesse, mas o fortalecimento de uma nação que se chama, Manaíra.
Portanto, com isso vemos que as nossas festas tradicionais cairam no esquecimento, em troca de uma efêmera promessa de que no próximo ano tudo muda; muda pra pior.
Gilbert Dillo
Seja mais humilde nos seus textos usando palavras que todos possam entender. Não se escreve postagens desta maneira. Se quiser que o povo acesse o seu blog diariamente vai ter q se adaptar a linguagem popular e ao mesmo tempo verbal.
ResponderExcluirHumildade nos textos? A única forma, que porventura venha a encobrir a leitura dos que me assistem, dever-se-á ser a que tenho por mais adequada e correspondentista. Posso escrever textos chulos e corriqueiros para atrair um certo público - como a política deste estado miserável, a cotianeidade mesquinha do povo deste país - sei que isto agrada a muitos. No entanto, a minha iniciativa neste blog é ser o mais autêntico possível, o mais honesto; por isso não quero imitar o outro. Na verdade, a meu objetivo perece quando me nego, e comunico o que deveras eu não queria pôr à tona.
ResponderExcluirGilbert Dillo
pelo que le no blog, nossa manaira me parece não ser mais a manaira que nos anos de 80 pra 90 fazia uma festa de são joão onde todos se divertia, hoje depois de 22 anos fora percebo que essa velha tradição que muto alegra o povo paraibano está ficando para trãs, me lembro perfeitamente que nesta época a cidade recebia visitas de todas visinhanças para comerorar essa grande festa, onde soltava-mos balões e todos se divertia comendo milho e batata assado na fogueirq que saudades. Lembrando tambem da grande missa de São Jõao onde nos alimentava-mos espiritualmente na santa Eucaristia. É uma pena que aquele tempo não volte mais. Que o Deus da paz, do amor possa estar sempre olhando para todos principalmente para o povo manairensse. grande abraço: joão firmino
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