quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A ALEGRE VOLTA DOS CORTADORES DE CANA - A TRISTEZA DEIXADA EM SUAS CIDADES


Depois de uma estada prolongada no sul de Mato Grosso, e na parte centro-oeste de Minas Gerais, e norte de São Paulo muitos cortadores de cana retornam para os seus lares, no decorrer do mês de Dezembro. São muitos que chegam, e são agraciados pela família e pelos amigos nas cidades de Manaíra, São José de Princesa, Princesa Isabel, Tavares, Juru e Água Branca. Alguns com os olhos estampados de fadiga, e outros com a lágrima da saudade.


Desde o período colonial a cana-de-açuca tornou-se uma grande fonte de renda para o Brasil. Na época produzia-se rapadura, combustível para queima nas usinas, álcool etílico etc. Hoje os nossos homens fortes do sertão desempenham as tarefas do que no período colonial era dado aos escravos, como o corte de Cana na queima. Apesar de que hoje os trabalhadores braçais são mais equipados, e possui mais garantia de melhores condições de trabalho, graças aos sindicatos e aos direitos trabalhistas reservados.


A realidade Nua e Crua:


Como os municípios do sertão paraibano não tem bons administradores, pessoas intrigadas com melhoria de condições de vida, como educação, saúde, políticas públicas, o antigo fardo da escravatura se repete a cada ano. Nossos irmãos, amigos, familiares, parentes são postos à prova no trabalho árduo que se desencadeia durante um período aproximado de nove meses. Isso depende da safra.


Todo esses esforços concentram-se principalmente no sonho de se ter melhores condições de vida, como comprar um casa, uma moto. Sonhos esses alimentados pelo desgaste da vida longe da família, as seqüelas de não se ter a perspectiva de voltar para casa em boas condições, isto é, com bons rendimentos para efetivar o pretendido em princípio.


Da hora da partida ao reencontro dá-se de diferentes modos: a tristeza da partida e a alegria do reencontro. A hora da despedida é transformada em sinônimo de dever cumprido. Assim muitos desses jovens guerreiros desfrutam da calmaria que passa pela sua casa e empregam as suas economias em terras, em animais, na compra de uma casa ou até de um veículo auto-motor.


No entanto, diante de todas essas conquistas o inevitável: às vezes o sonho da glória transforma-se numa tragédia de vida. Alguns em poucos meses já estão voltando para o mesmo trabalho árduo, exclusivo da classe pobre, por conta que os seus gastos excederam os seus ganhos. Isso porque nessas cidades, não tem como mantê-los em suas pátrias; isto é, falta emprego, educação para os seus filhos, melhores condições de vida.


A eterna luta se repete.




Gilberto Dilo








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