segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A ESPECULAÇÃO SEM CAMINHO - A VÍTIMA DICOTÔMICA: CÁSSIO CUNHA LIMA



Não é de se esperar que um homem integrado na vida pública desde os idos de 80 se coligasse com outros homens determinados por princípios políticos, visões de mundo distantes de sua criação paterna. O seu sonho de criança – ser governador da Paraíba – assentou-se numa participação efetiva de seu pai, o repentista Ronaldo Cunha Lima, e na valoração da moral vigente em sua família idiossincrática. 


O seu poderio criativo e intelectual, a sua mensagem ao povo, embora que de forma falaciosa e hipócrita, desceu a terra como às velhas escrituras, que repousaram no nome de Messias a sua salvação; pregando princípios como: “Amor”, “Bem”, “Paz”, “Felicidade”, “Justiça”, “Sabedoria”. Princípios estes que correspondem com a massa paraibana faminta por justiça, e vaga de amor no coração. Foi necessário, portanto, sentir o vazio da massa, criar-se numa família de valores antigos, formar-se em Direito, especializar-se em retórica, confessar a sua fé “diante do trono”, dizer-se religioso, sobretudo das religiões monoteístas, para vigorar a sua persona-lidade. Isto é, foi preciso para Cássio conduzir a sua vida a valoração e a mentira, consoante criar ao seu lado um reinado de concórdia santa, e de abismos plantados na multidão. A salvação foi levada a que santo? Decerto àquele que plantou estes princípios no seio da massa paraibana: Cássio Cunha Lima. Mas uma vez, a paupérrima e deficiente “massa escrava”, prolonga os seus anseios em sua própria Fé; criando para si o seu próprio confronto eterno: a preguiça, a discórdia entre as pessoas, o mal, a dissolução, o ódio, e, sobretudo, a corrupção da vida.


Em palavras mais vagas, podemos dizer que apesar desta Máscara – a de homem salvador – Cássio não só representa o poder na Paraíba, como também é um homem que tem uma vida comum, comparável a todo homem de Estado. Possui uma família (esposa, filhos), ama o seu procriador, e tem uma vida de fama interna, que nasce de suas conclusões sobre a necessidade de ter na sociedade uma renda tributária estável, para se guardar contra os desígnios de sua imagem contrária. Isto é, Cássio como político é um, como cidadão é outro, como homem de família é incomum. Mais parece que sua vida é dupla, e de fortes interesses indesejáveis. 


Ricardo Coutinho, como homem de coração magro, caiu nas suas rédeas e artimanhas, e talvez, por isso, amargue agora o que é ser crucificado sem cruz. Ricardo, não explicou a esperança de suas ilusões; depositando fé onde só existia marketing elaborado, depositando sua bravura onde só existia perigo, depositando compaixão onde tanto o diabo como Deus foram infelizes. Bastou-lhe a ilusão de ser governador, e seu bom governo na capital foi traído pela sua cobiça. Este é o preço que pagamos quando queremos vivenciar na dúvida as nossas vitórias: a traição. 


O jogo destes políticos de senso-vago só se concebe entre a multidão. Porque entre a classe instruída só nasce mais o conceito de “liberdade”, de “honestidade”, de “pré-conceito”; embora que nessa mesma classe, essas concepções formadas, referenciam as mesmas esperanças do povo: a devoção ao sentimento de poder. É isso que percebemos na classe média, e na classe inerte (intelectual) da Paraíba. Não só isso: é necessário conhecer a fundo estas duas classes para refutar sua história. Não há início nela, porque a incompreensibilidade das coisas se esgota em sua satisfação de está no ápice.  Ademais, para as almas pequenas tudo é permitido em nome de seus desejos e sonhos. 


Aí está a compreensão de Cássio. Ele age como se o lugar mais alto fosse batizar-se nos bons ensinamentos da política cotidiana e a ela referenciar o seu destino. Mesmo que neste santo pecado do batismo, no fim do culto pagão, esteja o seu desdém pelas coisas vãs que a política lhe proporciona. Quem desejaria está ao lado de inúmeras pessoas supérfluas a todo tempo, e com medo, simultaneamente, das reações de cólera impulsionadas pela negação de seus instintos reprimidos? Quem desejaria limitar-se ao raciocínio patético, em vez de consumar a sua soberania diante destes homens rudes, que por conta da política diz adorá-los?  Podemos fazer pensar muito sobre estas coisas, agora vivenciar a sua superfície, é demasiada sufocante. Ainda assim a massa sentirá nessas mesmas mãos a justiça que pune. No entanto, muitos lerão este texto e concluirão: nós acreditamos em Cássio! Que almas compassivas e piedosas! 

Eu já tinha medo dos santos da multidão; agora dos supérfluos é necessário interná-los em hospitais públicos.


Alguém me compreendeu?

Gilberto Dilo

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