Nada me abate! Não há coisa pior do que viver cercado de pessoas que não acreditam em si mesmas. Após ter passado muito tempo sozinho aprendi a viver de minha própria consciência e a não acreditar em pensamentos superficiais e embriagados pelo instinto da submissão. Olho para os lados – nada encontro. A única força superior ela existe em mim como o sol para a terra. Fugir de meus desígnios? Talvez em toda a minha vida a maior maldade que um homem possa desejar para si mesmo; por isso, quanto mais distante e incompreendido fico do pensamento dos meus contemporâneos, cada vez mais me apaixono pela minha figura excêntrica e reflexiva. Em outras épocas pessoas como eu foram-nas desprezadas a ponto de elas desprezarem os seus desprezadores. Vejo todo o desconhecimento de algumas pessoas, e a falta de coragem como algo duro para a minha existência; todavia nem só de água e pão vive o homem. Aqui se encontra o meu maior obstáculo: aprender a saborear nas coisas ruins o meu sustento. Não fosse eu vítima das minhas inquietações eu não escreveria o que penso para um povo que nada pensa. Sempre sonhei viver distante de meu presente. Mas quando quis fugir olha que o meu estado mais estúpido me fez a viver da estupidez da maioria dos homens de minha época. Moral da história: eu não pude vivenciar a minha estupidez só, foi necessário compartilhá-la como outras pessoas. Diante desse impasse intitulo-me o construtor de dificuldades e também um criminoso. Que me julguem os homens felizes e bons! Quanto cinismo há nos meus pensamentos! Ademais, não posso ser compreendido com o que penso. Assim, faz-se útil escrever como vós, grandes homens. Escreverei, escreverei, escreverei... Não sendo eu mesmo, mas vós.
Gilberto Dilo
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