Em entrevista ao programa da TV UFPB, fundadora do Grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra, explica que teorias racistas do século XIX ainda estão presentes no combate à violência urbana
O problema da violência urbana ocupa grandes espaços na mídia e é um dos temas que mais preocupa os brasileiros que debatem de forma intensa suas possíveis soluções. Mas o que muitos desconhecem é que, às vezes, por traz dessa temática pode se esconder um outro perigo: o preconceito contra os pobres. Esse é o tema que o programa Fórum Ideias, da TV UFPB/Futura, exibe nesta segunda-feira (23), a partir das 17 horas. Participam do programa as psicólogas Maria de Fátima Pereira, professora da UFPB, e Cecília Coimbra, uma das fundadoras do Grupo Tortura Nunca Mais e professora da Universidade Federal Fluminense.
Entrevistadas pelo sociólogo Marcus Alves, as duas psicólogas mostram como sob o pretexto de combater a violência, às vezes, combate-se o pobre. Essa tendência, segundo explica a professora Cecília Coimbra, é manifesta no Brasil desde o século XIX e início do século XX a partir de teorias racistas. Trata-se da chamada eugenia, que cuida da "raça pura superior", vista pela psicóloga como teoria pseudocientífica que continua presente até os dias de hoje. “Essas teorias fazem uma ligação entre o pobre e a violência, o perigo. Nesta perspectiva defendem que onde está o pobre está o perigo. Isso é socialmente produzido”, argumenta Cecília Coimbra. Ela mostra que, inclusive em muitas experiências no combate à violência no Estado do Rio de Janeiro, e também em outros centros urbanos, usa-se esse apelo “ao mito das classes perigosas”. “É uma estratégia que as elites usam para controlar a população que vive nas ruas e periférias”, completa.
Já a professora Maria de Fátima Pereira, foca durante o Fórum Ideias esse tema apegado às crianças e adolescentes, observados por ela a partir de trabalhos de extensão realizados pela UFPB. “As crianças e adolescentes pobres são consideras potencialmente perigosas e as pessoas naturalizam esse discurso”, completa a psicóloga. Ela lembra que na maior parte das vezes são crianças pobres e negras. Ela lembra o número de casos de violência sexual, de homicídio contra jovens, o trabalho infantil e afirma que às pessoas se esquecem de focar as causas da violência.
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