domingo, 14 de março de 2010

POEMA: "EU, PORÉM"

Eu, Porém

Diferentemente das flores,
Desceu o rio perante
Os meus olhos.

Facilmente as mãos
Entre a face subiram
Tocando-me errante...

Espírito de força e dores
Passadas...
Irmãos.

E com alegria
O seu coração sorria
E fazia-me poços
Profundos de simplicidade.

Vivência, carência...
Docilidade, algo delirante.
Mensagem de que a sua paciência
Resulta de seu desejo gotejante.

Sem saber o que era o seu medo
Mais dócil,
O seu mundo
Mais profundo
Eu deixei que ela me tocasse...

Era ela a minha existência?
Mais que flor?
Só podia ser também a minha dor;
Algo mais...
Algo profundamente invisível
Algo docilmente sensível.

A mulher que me amava,
Que me tocava...
Apaixonante?
Amante
De minha imperfeição.

Como ela me via
Como um Deus.
E quando via, sorria...
Sorria para quê?
Sonhava que eu pudesse
Ser feliz ao seu lado.

E como ela sonhava...
Sonhava...
Amava...
Delirava.

Se eu fosse à vida
Ela seria eterna...
Porque a sua ida
A terra...
Escondia
A minha profunda ferida.

Escondia algo mais
O seu amor.

Eu, porém,
Não me comprometi
Quanto ao seu amor.
Quanto mais amor,
Mais dor.

Eu a deixei...

Gilberto Dilo

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