"Quanto mais olho para o sertanejo “pobre”, sacrificado pelo sistema, humilhado pela barbárie que plantaram na sua consciência de homem duro, de homem que vai à rua ou à cidade, em busca de alimentos para os seus filhos; vejo a necessidade de descer ao sertão e fazer algo pelo meu sangue. Vejo a necessidade de consumar nessas vítimas o meu sonho, e os deles também. Pois a elite destas cidades do interior, de alguma forma incendiaram a vida destas humildes pessoas, para com isso ser lisonjeada até no último dia da morte, até nos porões, nos lixões dos martírios, nas vaquejadas da ignorância e do “estrume” da plebe. A elite, em grande parte, só soube até hoje ser uma classe que vive de sacrifícios. E olha que muitos destes (da elite) se acham os grandes, os deuses do sertão. Por exemplo, os coronéis políticos, os policiais, aqueles que se dizem ter dinheiro. É isso que vejo em todos os homens que quer sacrificar aqui na terra: a ruína de milhares de pessoas boas, das pessoas que possuem uma família, filhos e filhas, e, por conseguinte, milhares de sonhos. Estes sonhos acabam no cemitério. E olha que muitos dos causadores das dores dos mortos acompanham o caixão, e choram. Isso é triste por saber que ainda vivemos em estado de discórdia, inveja, maldade; e muitos de alguma forma acham isso a coisa mais normal do mundo. Por que ainda não aprendemos a ser homem? A única coisa que não quero pensar e nem conceber é: porque sou amigo de uma pessoa que sacrificou o meu pai, que me humilha, que zomba de meus amigos, que tem só olhos para si, e odeia todas as pessoas que falam a verdade. Isso é uma opressão!"
Gilberto Dilo
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